Dentre as outras imagens do sertão, em minha mente surge a poeira vermelha que o vento levanta e faz a vista embaçada enxergar ao longe um vulto branco, em cima de um cavalo que vai seguindo estrada a fora. Lembro do chão muito seco e já quase rachado, dos quintais sem horta, com poucas galinhas e um cachorro malhado com as partes brancas quase marrom. Dos chapéus de couro ou palha, da pele do sertanejo queimada pelo Sol, da restrição de alimentos e das viçosas flores de mulata enfeitando os arredores das casas...
Já Guimarães Rosa¹, segundo Mônica Meyer em seu Ser-tão Natureza: a natureza em Guimarães Rosa; valorizava o conhecimento, a cultura popular. Aprendeu com os vaqueiros os nomes dos bichos, das plantas, dos rios...
Sessenta anos após a grande viagem do escritor, seus relatos de viagem parecem escritos ontem...
" Afora os bois, eu só via o céu, o Sol e o capinzal. Era um dia tão forte, que a luz no ar mais parecia uma chuva fina, dançava no ar como cristal e umas teias de aranha ou uma fumacinha, que não era. Mas, de pancada, tudo parou : gritaram adiante, e eu vi o fogaréu. Aí era fumaça mesmo, com os labaredos correndo feio, em nossa frente, numa largura enorme, vindo pra nossa banda [...]. Uma porção de bichos, porco-do-mato, todos estavam ali também. Mas a fogueira não tinha sopitado. Era só um tempo, um prazo que o demônio dava para se morrer mais demorado. Porque mesmo longe o fogo zunia. E aqueles bichos todos estavam ali, pedindo socorro a gente."
Nesses dias de intenso calor, pouca umidade e uma corrida desenfreada do homem pela devastação do que resta do cerrado, episódios assim ainda são quase cotidianos. E, o que faria Guimarães Rosa para salvar o que ainda resta do sertão?
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¹Nome: João Guimarães
Rosa
Nascimento:
27/06/1908 , Cordisburgo – MG
Falecimento:
19/11/1967, Rio de Janeiro - RJ
Profissão: médico e escritor que inaugurou uma metamorfose no regionalismo
brasileiro.
Principal obra
literária: Grande sertão Veredas.
Uma frase: “ ...
agente morre é para provar que viveu.” dita em 16/11/1967
Que interessante postagem, Aninha querida.
ResponderExcluirBom, mudei de casa e aqui não tem "aquele" quintal tal como na outra casa, mas tudo bem, faço o que der para continuar a cultivar minhas plantas e as orquideas.Vai vir aqui, né?
Olá Anabela
ResponderExcluirExcelente postagem, texto muito bem escrito.
A imagem retrata bem a ideia de sertão.
Beijo.
Gostei muito do seu blog! Parabéns!
ResponderExcluirNão sei o que Guimarães Rosas faria se visse o que está a acontecer ao nosso planeta; continuaria de certeza a lutar contra toda essa insensatez do ser humano. Sempre ouvi falar muito em Guimarães Rosas, mas pouco sei da obra dele, confesso. Irei investigar para conhecer melhor. Gostei muito deste texto, Anabela. Obrigada pela partilha. Fica bem, amiga e até breve
ResponderExcluirEmília
...traigo
ResponderExcluirecos
de
la
tarde
callada
en
la
mano
y
una
vela
de
mi
corazón
para
invitarte
y
darte
este
alma
que
viene
para
compartir
contigo
tu
bello
blog
con
un
ramillete
de
oro
y
claveles
dentro...
desde mis
HORAS ROTAS
Y AULA DE PAZ
COMPARTIENDO ILUSION
ANABELA
CON saludos de la luna al
reflejarse en el mar de la
poesía...
ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE LEYENDAS DE PASIÓN, BAILANDO CON LOBOS, THE ARTIST, TITANIC SIÉNTEME DE CRIADAS Y SEÑORAS, FLOR DE PASCUA ENEMIGOS PUBLICOS HÁLITO DESAYUNO CON DIAMANTES TIFÓN PULP FICTION, ESTALLIDO MAMMA MIA,JEAN EYRE , TOQUE DE CANELA, STAR WARS,
José
Ramón...
Me alegra muito que lembre Guimarães Rosa aqui. O autor é meu objeto de pesquisa no mestrado. Eu fico tentado a responder sua pergunta como se fosse GR: o que teria para ser feito foi feito. O sertão, espaço imaginário de repouso, foi salvo, culturalmente, pela alquimia da palavra criadora transformado em mito literário, espalhado por toda a obra, mas de forma bastante concentrada em GS:V.
ResponderExcluirUm grande abraço e ótima semana, Anabela.
Gilson.
Querida Anabela!
ResponderExcluirMe encantei com este teu post poético e ao mesmo tempo tão realista, sobre o sertão e seus cenários insólitos...E realmente me pergunto com frequência sobre o destino do sertão e de suas veredas,diante da agressiva ação humana,que transforma, mata e mutila a natureza e a cultura das gentes simples da terra. Certamente o próprio Guimarães estranharia a onda de desolação deste Brasil que muita gente ainda desconhece...Fruto da ganância que corrompe e como diria Caetano Veloso,"destrói coisas belas"... Mas como a esperança é a última que morre, quero ainda acreditar que seja como for, o sertão lutará e ainda sobreviverá à ira do fogo,da secura da terra, e das esquisitices e maldades humanas...
Beijo grande,amiga!!!!
Teresa