sábado, 20 de novembro de 2010

Os negros em Minas Gerais

Foto copiada da Revista História.

Com a descoberta do ouro no final do século XVII, os portugueses ansiosos por extrair o metal, trouxeram milhares de africanos para a região então chamada Minas do Ouro. Durante dezenas de anos aqui chegavam pelas mãos dos ricos mineradores, milhares de homens, mulheres e crianças vindos dos mais variados lugares da África.
Por meio de trabalho forçado eles produziram toda a riqueza jamais conquistada por Portugal até aquele momento. Muito sangue, dor, lágrimas e vidas inocentes foi o preço da extração da riqueza mineral.
Os que resistiram à escravidão deram muito trabalho às autoridades portuguesas e aos seus senhores, mas a maioria por questões óbvias não conseguiram se afastar do cativeiro e ao longo de suas vidas foram construindo riquezas e moldando o espaço geográfico que hoje habitamos.
É difícil andar pelas cidades mineiras e não se deparar com a presença dos descendentes desses nossos heróis anônimos. Sua cultura está presente em nossa música, na religiosidade, na arte , na culinária, na língua e numa infinidade de coisas que torna-se difícil citá-las aqui.
Quem caminha pelas cidades surgidas com o ciclo do ouro, observando bem, poderá ter uma idéia da força de trabalho desse povo guerreiro subindo e descendo ladeiras com o ouro e toda sorte de mercadorias de seus senhores. Dos braços de onde saiu toda a força para erguer gigantescas igrejas e casarões para os brancos portugueses e ou sua prole mestiça. Sim, mestiços. Pois foi grande o número de filhos que os brancos portugueses tiveram com suas escravas e a cor da pele quando vinha mais clara trazia também algumas regalias.
Veio a abolição. O Que mudou? Quais as permanências? É fato que para se dizer se uma pessoa é negra no Brasil, os olhares populares se apoiam em dois traços marcantes: o cabelo crespo e a pele escura.
Na realidade, o descendente de negro que tem a pele escura e o cabelo dito"bom" passa como moreno, como descendente de índio, mas quase nunca é visto como um negro. Da mesma forma o que tem cabelos crespos e pele clara passa como moreno ou até branco. Daí, podemos concluir que muitos negros não sabem que são negros ou não se acham negros.
Com a divulgação das campanhas de combate à discriminação e ao racismo, nas últimas décadas os jovens tem assumido com mais frequência e sem tantos preconceitos sua identidade cultural e racial, mas ainda temos muito a mudar. Basta lembrar que a maior parte da população pobre no Brasil é negra. E é esta parcela que vive excluída dos melhores salários, do acesso a uma boa educação, saúde, moradia e assim vamos caminhando ...
Mais do que comemorar, nesse dia nacional da consciência negra, precisamos refletir sobre o que podemos fazer para mudar esse retrato.  Minas Gerais hoje, possui mais de 50% da sua população constituída por negros.    


Escravas da Mina de Morro Velho, final do século XIX.

8 comentários:

  1. Menina, quando leio textos assim como esse, fico verdadeiramente triste sabia? Talvez seja por isso que nosso Brasilzão ainda está tão atrasado...pois desde os ínicios dos nossos tempos existiu muita maldade para se fazê-lo, povoá-lo...emfim...era muita maldade com nos negros...

    Beijos querida!

    Joana Campos

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  2. Ótimo texto !

    A história da humanidade está recheada de dor e sofrimento, escravos e senhores impiedosos, cobiça e destruição da Natureza.
    Infelizmente...

    Beijo

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  3. Gostei desta verdadeira lição de História. No meu curso, tive uma cadeira de literatura brasileira, mas foi coisa muito superficial. Mesmo assim, fui obrigado a ler algumas obras, em que falavam deste tema.
    Abraço
    Compadre Alentejano

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  4. Sempre li livros sobre a escravatura e sempre me horrorizou esse uso durante tantos anos. Será que acabou? infelizmente penso que não; a descriminação continua, os salários baixíssimos são muito frequentes, o trabalho infantil, a precariedade no emprego; tudo isso é escravatura no sec xxI. Continuamos sem liberdade, apesar das democracias e, enquanto não soubermos acabar de vez com todos esses preconceitos e descriminações, sejam elas por diferentes raças, credos, ou classes sociais, continuaremos a viver como no tempo da escravatura.Bela aula de história, Eliane! Um beijinho e espero que tenhas uma bela semana
    Emília

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  5. Olá Anabela, tudo bem?

    Vim retribuir e agradecer a sua visita ao meu cantinho.Seu blog é bem inspirador e com lindas imagens.

    Um beijim bem à moda mineira pra vc!

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  6. Oi,Anabela!
    Fiquei contente com a tua visitinha la no meu bloguinho!
    E ja estou por aqui novamente!
    Gostei muito desse post de hoje... E verdade,infelizmente, a Historia do nosso pais esta repleta de sofrimento e exploracao ! E os negros sempre foram vitimas constantes neste processo cruel do nascimento do nosso pais.
    E apesar de muitas melhorias nas condicoes dos brasileiros menos favorecidos, ainda ha uma longa estrada para se trilhar... A luta contra o preconceito racial e a busca de uma nova consciencia social democratica ainda esta apenas no inicio... Que todos possamos lembrar de fazer a nossa parte na construcao de um pais mais humano e com igualdade racial!

    Abraco carinhoso pra toda essa gente boa de Minas!
    Teresa

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  7. oi- respondendo teu coments - sobre o preconceito, racismo-
    me pareceu que vc nãoleu meu texto - que eu deixei em aberto o seguinte eu tenho o direito tb de ser euro descedente - - já que não podemos chamar negros de negros - quer racismo maior que este?
    se todos somos considerado sbrasileiros - negros tb o são - e não afro descedente- não concorda -?
    ou so afeta quando os brancos tb pedem menos racismo conra eles?

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