domingo, 31 de julho de 2011

Igarapé Bem Temperado


Neste final de semana a cidade de Igarapé, na região metropolitana de Belo Horizonte, realizou o VII  festival gastronômico " Igarapé Bem temperado". Estive lá para conferir e claro, não poderia deixar de registrar aqui, essa agradável manifestação cultural.


Guisados, quitandas e doces que nos remetem ao cotidiano rural mineiro, ao tempo de infância na casa de nossas avós.


O cenário foi a praça da  matriz ... no coração da pequena cidade.



E as atrizes, senhoras bastante conhecidas na comunidade por seus dotes culinários, verdadeiras mãos de fadas a regerem seus fornos de barro, fogões a lenha, panelas, tachos, tabuleiros ...


Essas "mestras da culinária", conseguem transformar ingredientes simples que elas cultivam no quintal de suas casas, em verdadeiros manjares! Receitas repassadas há gerações como prendas domésticas às moças casadouras ...


Desde 2005 o festival vem sendo realizado, resgatando não só a memória da culinária local, mas também novos adeptos à arte de cozinhar. Sim, cozinhar é uma arte! E hoje, uma arte que vem sendo apropriada pelo comércio e pelo turismo, com incentivo da mídia. Daí, por inúmeras vezes essas mulheres simples são solicitadas pelos meios de comunicação a dar receitas e entrevistas.

Assista    http://www.youtube.com/watch?v=iIjzSE6TEY8
Tamanha eficiência leva até alguns famosos chefs a buscarem inspiração nessas sábias receitas do bem temperar.     

Chef  Eduardo Avelar em uma das oficinas no festival.

Ps: As fotos 1, 3 ,4,7 e 8 foram copiadas de  igarape  e as outras foram tiradas por mim.

terça-feira, 26 de julho de 2011

De Ouro Preto a Mariana, no trem da Vale

Enquanto esperávamos a hora do embarque, aproveitamos para conhecer o espaço cultural criado pela Vale na parte interna da estação. Um museu contando a história do transporte ferroviário na região, usando recursos áudio visuais, com exposição de objetos e uma enorme maquete que mostra o percurso e as atrações do passeio. Um espaço para apresentações no formato de tenda de circo, alguns vagões com sala de música, biblioteca e um café.


Apenas 8 km separam as duas cidades e, a imaginar a desenvoltura dos transportes contemporâneos, os menos avisados ou despercebidos podem até imaginar que alguns poucos minutos os separam da estação de embarque em Ouro Preto ao desembarque em Mariana, mas não é assim que funciona o passeio. O percurso dura exatamente uma hora, com direito a uma parada para abastecer a máquina com nada menos do que meio copo d´agua ...


Não há como negar as belezas naturais que podem ser vistas pelas fartas janelas dos vagões, de onde é possível tirar belíssimas fotos!!! A ferrovia acompanha em grande parte de sua extensão o curso de um ribeirão com águas turvas e leito pedregoso, onde ainda alguns aventureiros insistem na busca pelo ouro.


No seu curso uma bela cachoeira nos seduz para mais uma foto. O barulho da água, o cheiro de mato e o apito do trem é tudo de bom!!!


Entre os vales e morros, há  abismos que assustam alguns e desafiam os mais corajosos. E o trem percorre seu caminho ... passando também por quatro túneis não muito longos, mas que permitem a alegria daqueles que aproveitam o momento para soltar alguns gritos!


Ao longe também se vê uma lagoa em formato de coração. E quando se está ainda na metade do caminho é possível avistar Mariana, dando a impressão de que a viagem já está chegando ao fim.



E o fim, na verdade é um novo começo. Foi na estação de Mariana que a Vale construiu uma praça para a integração lúdica das crianças ( e adultos ...) com belíssimos instrumentos musicais em aço inox. O mais difícil  nesta hora é conseguir ir embora ...

fonte: tremdavale

A ferrovia que liga Ouro Preto a Mariana foi construída entre 1883 a 1914, tendo funcionado até  o terceiro quartel do século XX para o transporte de passageiros e cargas.


domingo, 24 de julho de 2011

Cheguei na hora, mas perdi o trem!



Trem da Vale rumo a Mariana.
 
Pico do Itacolomi.

É isso mesmo!!! Sexta-feira, férias, tempo bom e temperatura agradável. Levantei-me cedo e segui rumo à Ouro Preto levando comigo uma criança anciosa para fazer a viagem turistica  no Trem da Vale, que parte para Mariana às 10 horas. Tudo muito tranquilo, fora a neblina que atrasa um pouco a viagem nesta época do ano, um passageiro que embarcou no meio do caminho com sacos de laranjas lentamente acomodados no bagageiro do ônibus, dois turistas estrangeiros que falavam  um portunhol a toda altura no celular, um senhor com três crianças querendo ir ao banheiro a cada minuto e um casal de idosos tentando se esconder do vento vindo de uma janela que dois rapazes faziam questão de manter aberta. Enfim, fatos comuns de se presenciar quando embarcamos para uma viagem em transporte público.  
De Belo Horizonte a Ouro Preto são 98 km, o que normalmente se percorre em torno de uma hora e meia, exceto nos meses mais frios porque a neblina torna o percurso perigoso em alguns trechos e neste ano está ainda pior devido ao aumento do número de veículos que buscam ali um desvio rumo ao leste do estado devido aos transtornos causados pela queda da ponte sobre o Rio das Velhas, na rodovia que liga Minas Gerais ao Espirito Santo.
Desembarcamos em Ouro Preto às 9:15. Como já conheço bem a cidade, busquei um atalho até a estação ferroviária, mas atalho não quer dizer moleza ... Os morros e descidas acentuadas não há como se evitar por ali e o jeito foi colocar força na sola do sapato e acelerar.
Ao chegar na estação percebi um grande movimento de carros. Confesso que senti um mal presentimento. Entendo que os desavisados, por não conhecerem as condições do espaço geográfico da cidade, pensam que há facilidade de estacionamento por todos os cantos e assim formam uma confusão ... Em Ouro Preto o melhor é deixar o carro estacionado na entrada da cidade e caminhar para conhecer os monumentos. Mas aquele movimento indicava que a procura pelo passeio naquele horário estava grande...
Dito e feito! Além do movimento externo havia uma enorme fila para a compra de bilhetes para o trem. E nessa hora foi que descobri como é que mineiro consegue perder o trem! Pela primeira vez não consegui comprar o bilhete, e o pior ... Só havia bilhetes para a partida das 15:30. Tudo bem que ficar em Ouro Preto esperando a hora de embarcar no trem não é um castigo, tem muito o que se fazer ali, mas eu tinha planos de registrar tanta coisa em Mariana durante o tempo que teria de esperar para retornar no trem das 14 hs ! Fiquei desapontada. E a criança com carinha de choro...
Daí veio então a arte do improviso. Com uma criança impaciente para viajar pela primeira vez no trem, morros por todos os caminhos que nos levam às relíquias coloniais e cinco horas de tempo livre pela frente, decidi não me estressar. Criança gosta de espaço ao ar livre, por isso optei por passear nas praças, feiras, ruas e lado externo das igrejas setecentistas. Aproveitei para observar as construções que há muito já conheço,  mas que sempre tem algo novo a revelar. E assim o tempo passou. Almoçamos uma comidinha bem mineira e retornamos para a estação ferroviária, desta vez para embarcar no trem. A viagem foi ótima, mas essa eu conto na próxima postagem!


Casario da rua Cláudio Manoel.
 
Praça Tiradentes com o prédio do Museu da Inconfidêcia e o monumento em homenagem ao centenário da morte de Tiradentes.

Fachadas de casario colonial.

Sobrado onde residiu o inconfidente e poeta Tomás Antonio Gonzaga.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Relíquia religiosa e histórica



Foto tirada em uma exposição no Museu Abilio Barreto.
 
Quando o Papa João Paulo II esteve em Belo Horizonte, no ano de 1980, ele celebrou uma missa para os jovens no alto das mangabeiras, que passou a chamar-se Praça do Papa, porque logo após a visita do pontífice o espaço foi transformado em uma bela praça usada até hoje para eventos religiosos, dentre outras coisas.
Na celebração o cálice utilizado pelo Papa foi esse da foto, hoje sob cuidados da Arquediocese de BH e  há alguns meses atrás esteve exposto juntamente a outros objetos, imagens, fotos e paramentos religiosos que são o testemunho de fatos importantes do catolicismo na nossa cidade. 

sábado, 16 de julho de 2011

Três em um: aniversário de Mariana, dia de N. S. do Carmo e do estado de Minas Gerais



Largo da Catedral da Sé. By matraqueando.

Orgão da Catedral da Sé, o único da linha Schnitger no Brasil.

A cidade de Mariana completou 300 anos no último dia 08, mas as comemorações acontecem hoje. O dia 16 de julho é considerado o dia do aniversário da cidade porque teria sido nessa data a divulgação sobre a descoberta dos primeiros sinais da existência de ouro na região. Não é coincidência o nome dado ao lugar pelos desbravadores: Ribeirão do Carmo. O dia 16 de julho, pelo calendário religioso católico é dedicado a Nossa Senhora do Carmo, que tornou-se então a padroeira do lugar.
Mariana, barroca cidade mineira, foi a primeira capital do estado de MG. O arraial do Ribeirão do Carmo foi elevado à categoria de vila em 1711, com a denominação de Vila Real de Nossa Senhora, tornando-se cidade em 1745 com o nome de Mariana, em homenagem a Maria Ana de Áustria esposa de D. João V de Portugal. Foi sede do primeiro bispado da região mineradora.
Em 1979, foi criada a lei nº 7.561, instituindo o dia 16 de julho como o " Dia do Estado de Minas Gerais". Desde então, todos os anos a Capital de Minas Gerais é transferida simbolicamente para Mariana, onde é realizada uma solenidade cívica, seguida por comemorações populares.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Ouro Preto completou hoje 300 anos!



Comemoramos hoje em primeiro lugar uma data, pois foi no dia 08/07/1711, a elevação da atual cidade de Ouro Preto à categoria de vila. Mas temos que comemorar também a sensibilidade daqueles que durante esses trezentos anos, de alguma forma, contribuíram para a construção e manutenção do centro histórico da cidade. Quantas vidas passaram por aquelas ruelas e becos, habitaram casarões, sorriram e choraram, foram felizes ou acabaram-se no sofrimento. Quantas histórias!? Ah! Se as paredes pudessem falar ... 



A história de Minas, na sua origem e vocação, é a história das catas de ouro e diamantes pela faiscação de ribeirões e córregos e lavra de encostas montanhosas.
Começou quando e porque imperava na Europa o poder do ouro e da prata, meios que tinham as grandes nações para intensificar o comércio e a indústria incipiente e, assim, acumular riqueza.



Portugal não poderia ficar ausente, pois precisava do ouro para atrair compradores de seu vinho e vendedores de tudo quanto necessitasse, dos tecidos às louças. Por isso, desde meados do século XVI, enviou expedições para o interior da colônia atrás dos supostos tesouros.



Por volta de 1674, o bandeirante Fernão Dias Paes, partiu de São Paulo rumo ao norte atrás de esmeraldas, mas nunca encontrou. Sua expedição abriu caminho para outras que acabaram encontrando o ouro em Minas Gerais. O primeiro a descobrir e o local, dificilmente termos certeza, mas sabemos que o ouro foi encontrado em várias localidades na mesma época e atraiu para a região milhares de forasteiros do reino e da colônia. Esses para sobreviver, foram improvisando moradias e tudo mais que necessitassem para manter a sua cultura.


Aos poucos a gente e as habitações eram tantas, que o governo português acabou elevando os arraiais à categoria de vilas, para assim organizar melhor o controle da exploração mineral.
Em 1711, o então governador da Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, Antonio de Albuquerque, fundou as vilas de Nossa Senhora da Conceição do Sabará-buçu ( Sabará ), Vila Rica do Pilar ( Ouro Preto ) e Vila do Ribeirão do Carmo ( Mariana). Três homenagens a Nossa Senhora ( Carmo, Pilar e Conceição ) tamanha a devoção dos portugueses naquele tempo.