terça-feira, 31 de julho de 2012

Rumo ao Serro passando por Milho Verde


De  São Gonçalo do Rio das Pedras, seguimos um bom trecho ainda de estrada de terra. A paisagem continuou com os córregos encachoeirados e de água bem cristalina. Os penhascos da serra que no conjunto faz parte da Espinhaço compõem o quadro em sua essência  natural. Faltou-me tintas, pincéis e claro, uma boa tela! Pois nesses lugares não é difícil de se assemelhar ao espirito inspirador de um dos grandes gênios da pintura...
Não demorou muito e chegamos a Milho Verde, famoso distrito do município do Serro. Um lugar bem diferente de tudo que imaginei. A fama bucólica, pitoresca, natural, parece estar se despedindo do lugar, embora a mente dos que ali estavam não conseguissem perceber o estrago que o excesso de turistas está provocando no lugar. Um motorista de taxi me afirmou que aos olhos dos antigos moradores o turismo fez o lugar crescer muito e tornou as coisas mais caras para quem vive ali, sendo que o lucro na maioria das vezes fica com quem veio de fora e montou um comércio ou uma pousada. Está ficando complicado para os nativos viverem na vila.
Na praça da igreja do Rosário, na verdade uma pequena capela, havia um grande movimento de pessoas em torno de uma apresentação de capoeira, muitas crianças passando por uma espécie de recreação e muitos, muitos turistas buscando a natureza do lugar super equipados de utensílios de última geração. No lugar de cavalos e carroças, motos e carros de todos os tipos, aluguel de bicicleta e uma infinidade de coisas que torna até difícil da gente fotografar o ambiente. Por isso tirei poucas fotos de lá. Achei desinteressante mostrar circulação de pessoas e objetos urbanos...
A partir de Milho Verde a estrada já é asfaltada, mas achei um pouco perigosa. Há de se percorrê-la com cuidado devido às curvas e à pouca sinalização, somada ao risco de animais que vez ou outra aparecem na pista. Essa estrada nos leva até a cidade do Serro, que é uma descrição para o próximo post.

Lateral da igreja do Rosário em Milho Verde.

Avanço imobiliário na área central de Milho Verde.

Moradias mais antigas e largo atrás da igreja do rosário, usado para shows.   

Uma curiosidade, o cemitério de Milho Verde parece um jardim de casa do interior, todo coberto por flores singelas.

sábado, 28 de julho de 2012

De Diamantina a São Gonçalo do Rio das Pedras

Um caminho lindo, todo cercado por serras rochosas e cursos d'água, numa estrada de terra cheia de curvas e poeira vermelha.
Do centro de Diamantina seguimos em direção ao bairro da Palha, segundo a tradição oral, o nome do lugar está ligado à existência de uma capela primitiva de pau-a-pique e coberta com
palha feita, pelos primeiros mineradores que ali se instalaram. Posteriormente o lugar foi sede da chácara do contratador dos diamantes, o português João Fernandes de Oliveira, de quem a ex-escrava Chica da Silva foi concubina e teve treze filhos. Contam que para escândalo da sociedade  setecentista, a mulata que vivia no luxo, teve ali realizado o seu sonho de andar de navio. O intendente teria mandado construir um lago e uma embarcação enorme para ela navegar. Na chácara também havia um teatro onde eram apresentadas peças com artistas renomados na ápoca. Hoje nada resta no lugar, a não ser construções recentes e bem simples.
Um pouco distante da Palha, já entrando na área rural atravessamos o Ribeirão do Império, local onde até meados do século XX eram encontrados diamantes.

Ribeirão do Império.

Ribeirão do Império


Seguimos estrada a fora e passamos por um povoado a que chamam de Vau. Na verdade o que vi foi umas poucas casinhas à beira da estrada e um senhor idoso fechando uma cerca de arame. Como não paramos, ficou para mim a imagem de um povoado sem igreja e comércio.
Logo a frente, atravessamos o Rio Jequitinhonha, em sua cabeceira como dizem por lá, embora não muito perto da nascente. A ponte sobre o rio é o marco divisório dos municípios do Serro e Diamantina.


Ponte sobre o rio Jequitinhonha

Rio Jequitinhonha

Rio Jequitinhonha

Depois da ponte a estrada segue numa subida ingrime, com muitas curvas e terra vermelha... Não demorou muito e avistamos o povoado de São Gonçalo do Rio das Pedras, muito pequeno e aconchegante. Um recanto para se descansar, com muitas pousadas e casas para alugar, uns poucos estabelecimentos comerciais e claro, uma igreja em destaque, marcando como sempre a beleza do lugar.
A maioria das ruas são de terra, e as que tem calçamento é do tipo muito antigo, daqueles que abala qualquer rolamento... 
Nos arredores muitos córregos de águas limpas e encachoeirados. Um lugar que não seria mal de se morar !

Bar, mercearia e restaurante em São Gonçalo do Rio das Pedras.

Largo da matriz de São Gonçalo.

Rua em São Gonçalo.
  
Igreja matriz de São Gonçalo.

Durante o percurso passamos por alguns ranchos e um hotel fazenda muito bonito. Não há muita plantação de hortas e frutas, os animais criados parecem ser apenas para o consumo local, ou seja, a agricultura e pecuária não são por ali atividades econômicas importantes, acredito que pelas condições de transporte e principalmente pela qualidade do solo.
Passamos por um planalto onde ainda estão erguidos alguns casebres, a réplica do mercado dos tropeiros e outras partes do cenário utilizado na gravação do seriado "A Cura".
Em São Gonçalo os animais domésticos andam soltos pelas ruas, as roupas lavadas são estendidas nas cercas de arame para secar, as casas ficam com janelas e portas abertas e todos que passam fazem questão de olhar e saudar. Tudo bem caseiro, ainda bastante rural e o visual da paisagem do entorno é deslumbrante.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Personagens típicos de um tempo que já se foi

Nas minhas andanças pelo interior de Minas, novamente passei por Diamantina e lógico, lancei um novo olhar para coisas e lugares que já sabia existir, mas que dificilmente poderei dizer que conheço com propriedade.
Mais uma vez no Museu do Diamante e ... me senti atraída pelas fotos antigas. Como estão permitindo aos turistas fotografar o acervo, resolvi trazer para esse espaço fotos das fotos do famoso Assis Horta, fotógrafo do IPHAN no século XX. 


 Jacinto vendedor de bananas.

Boca Mole, tipo muito humilde e simpático, segundo descrição de moradores antigos.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Pompéu, ora-pro-nóbis.

Bom, se o centro histórico de Sabará reúne alguns monumentos... onde estão os outros que não foram demolidos pelo homem ou pelo tempo? Estão nos antigos arraiais ( hoje bairros ou distritos) submissos no século XVIII à Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabarabuçu.
Visitei o Pompéu, antigo Arraial de Santo Antônio da Mouraria do Pompéu, fundado pelo bandeirante paulista José de Pompeu, morto na Guerra dos Emboabas em 1708. Terras que passaram a pertencer ao padre Guilherme Pompéu de Almeida, proprietário de riquíssimas minas de ouro na região. É um lugar bem simples e pequeno. Há ruas mal asfaltadas que se misturam com calçamento de pedras e ruas de terra com bastante poeira vermelha da cor do minério que nos arredores se explora.
As casas são quase todas de telhados, baixas e a maioria nem muro tem. São cercadas por tela e tem portão de madeira. Uma coisa que me encanta nessas casas são os jardins com flores daquelas que não se compra mudas nas floriculturas, do tipo que se tem que pedir uma muda para os donos da casa. Não sei bem se são flores do tempo da vovó, flores da roça, flores de pobre... Entendo apenas que são raríssimas de se ver no meio urbano.
Outra coisa bacana são as hortas. Todos os quintais tem hortas com verduras bem viçosas e muitos pés de frutas, sobretudo jabuticabas.


Gosto muito da comida do restaurante Moinho D'água, por isso também estive lá. É bem caseiro, daqueles que você se serve no fogão a lenha com vasilhame  simples e se senta em torno de uma mesa coberta por toalha xadrez, num piso de cimento grosso ou se preferir no quintal de terra debaixo de uma jabuticabeira ( nesta época sem frutos).
Pompéu e seus restaurantes ficaram famosos pelo preparo do frango com ora-pro-nóbis. Logo que se chega no trevo que dá acesso ao bairro pela estrada que liga Sabará a Caeté avista-se com facilidade um enorme marco de cimento com os seguintes dizeres: " Benvindo a Pompéu terra do ora-pro-nóbis".
Todos os anos no mês de maio é realizado o festival gastronômico tendo a planta como rainha. 
No espaço de convivência do restaurante há um moinho por onde corre uma água muito clarinha. Seguindo o curso d'água se chega a um outro restaurante e alambique, passando por outros quintais... É uma água que corre forte e faz um barulho tão gostoso de se ouvir e difícil de se encontrar nos dias atuais. Olhando o entorno, muito verde e morros, alguns vestidos de uma mata que a mim parece intocada. Salve a natureza!




Se rica fosse, faria dali minha morada, caso alguém quisesse dispor de um pedacinho do lugar, o que acho muito pouco provável ...
Depois do frango com ora-pro-nóbis e outras delícias que não vou poder mostrar porque fiquei sem graça de fotografar o banquete exposto no fogão a lenha, fui dar uma volta no adro da única igrejinha do lugar, a capela de Santo Antônio do Pompéu que esteve em festa nesse final de semana.


Para fechar o passeio com chave de ouro, ao descer a ladeira direita, já quase me despedindo da capela, eis que surge uma senhorinha de lenço na cabeça, saia longa e uma blusa bem clarinha ... Escorando numa bengala ela parou, olhou, sorriu e acenou para mim. Pensei em fotografá-la e mais uma vez não tive coragem. Voltei para casa pensando que coincidências são possíveis...

domingo, 15 de julho de 2012

Parabéns Sabará 301 anos!

Ontem fui a Sabará. Até aqui nenhuma novidade... Mesmo porque tenho passado naquele centro histórico milhares de vezes desde os tempos que ali trabalhei. Acontece que a cada dia tenho um olhar diferente para aquela paisagem que aprendi a admirar. É certo que de monumentos históricos a cidade é bastante órfã se comparada a outras cidades oitocentistas, mas tudo e ali me encanta! tenho um carinho e um respeito enorme pelos seus bens materiais e imateriais, sobretudo pelos laços de amizade e companheirismo que encontrei desde que ainda recém formada tive minha mão-de-obra absorvida para atuar entre profissionais de grande competência no município.
Logo na rodovia fui surpreendida com os letreiros dos ônibus que passavam piscando alternadamente os dizeres " Parabéns Sabará 301 anos". Eu ainda não tinha me lembrado do aniversário da cidade, mas com certeza lembraria porque a data exata é 17 de julho. O letreiro, as barraquinhas e o grande palco na praça Melo Viana só veio a confirmar que festa sabarense começa antes e termina depois. Um dia vou contar aqui o quanto e como duravam desde o século XVIII...   
Hoje falo de uma cidade agitada, cheia de gente e carros por suas ruas estreitas. O dia esteve ensolarado e quente para um inverno entre montanhas, mas confesso que gostei por sentir o corpo mais animado e poder usar bastante energia nos olhares a observar todos os detalhes. Detalhes às vezes tristes como a coloração fétida do rio das Velhas no trecho do bairro de General Carneiro, onde suas águas recebem as águas do ribeirão Arrudas que corta boa parte da cidade de Belo Horizonte e leva consigo muita sujeira de origens variadas. 

O encontro do rio das Velhas com o ribeirão Arrudas.
O bastante poluído rio Sabará, que também deságua no rio das Velhas bem na entrada da cidade.
O córrego do Gaia e o Córrego do Pompéu com suas águas a cada dia mais minguadas e contaminadas. É incrível como a sujeira ainda reina nas águas que margeiam os morros povoados. Sim, Sabará cresce em população e edificações morro acima, pois a topografia não reservou ali espaços planos. Seja mansão, prédios ou casebres, no perímetro urbano são sempre construídos morro acima...
Para quem não conhece Sabará, o centro histórico reúne alguns monumentos que por sorte ou capricho de alguns proprietários sobreviveram ao tempo. Muito do que havia no século XVIII, foi demolido ainda no século XIX , quando os jornais locais já noticiavam o descaso dos moradores e do poder público para com as habitações, ruas, quintais, etc.
No compasso da modernidade da nova Capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, inaugurada em 1897, muitas mudanças ocorreram em Sabará e o que é pior, levaram à demolição ou mudanças arquitetônicas nos  monumentos, ainda não tombados pelo poder público, coisa que no Brasil somente a partir da década de 1930 é posta em prática e em suaves prestações... Cito como exemplo a demolição da igreja de Santa Rita na rua Dom Pedro II (antiga rua Direita) em 1937, pela prefeitura, para a construção de uma praça, a atual Praça Santa Rita. 

Foto de destinosabara, igreja de Santa Rita demolida em 1937.
Parei no centro histórico, saboreei o delicioso pastel da padaria Vila Real, tradição antiga e barata. Tirei algumas fotos e segui rumo ao alvo do dia, o bairro do Pompéu. E para não ficar por demais cansativa essa postagem, eu relato o meu olhar sob o Pompéu no próximo post.

sábado, 7 de julho de 2012

Luto na blogosfera


Perdemos a nossa amiga Tina do blog "Meu cantinho na Roça", hospitalizada há dias em Poços de Caldas por complicações do vírus H1N1. Não vou contestar os caminhos que Deus reserva para cada um de nós, mas foi uma grande perda. Uma pessoa alegre, cheia de vida, amorosa e que muito nos ensinou nesses dois anos de convívio na blogosfera e mais recentemente estreitando laços através do facebook.
Tinha planos de conhecê-la um dia! Cheguei a enviá-la pelo correio uma xícara para a coleção da qual ela se orgulhava. Trocamos receitas... inclusive nem sei se ela chegou a fazer o "mamão com carne" pois já estava gripada quando lhe passei a receita e ... o ora-pro-nobis, infelizmente, se foi sem conhecer o sabor.
Era paulista de nascimento e mineira de coração. Apaixonada com o seu continho lá em Cabo Verde, bem no sul de Minas, com os cafezais e o mar de montanhas que se perde no olhar.
Fica a lembrança dos chás virtuais nas terças-feira em seu outro blog " Sonhar e Realizar", os ensinamentos sobre as coisas da roça  e os comentários sempre carinhosos em nossas postagens. De um convívio virtual, fica uma saudade real!
Vai com Deus amiga! 
Estou repostando uma das várias participações que tive na blogagem coletiva "um sábado azul" de sua iniciativa em 2011.
O seu comentário nessa postagem foi:
"QUE DELÍCIA DE SÁBADO AZUL!!!!!!!!!!!!!!!
Adorei as imagens, agora... vê se consegue a receita rsrsrsrsrsrs
hummmmmm!!!! deve ser maravilhoso !!!!!
bjs
Tina (SONHAR E REALIZAR)"
05 DE MARÇO DE 2011


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O rocambole de Lagoa Dourada

Minha participação dessa semana  na blogagem coletiva sábado azul é doce e vai dar água na boca de muita gente!!!


by viaggiando
Lagoa Dourada é uma cidade mineira distante 146 km de Belo Horizonte, bem à beira da estrada que nos leva até São João Del Rei. Sua ocupação iniciou-se no século XVIII quando alguns bandeirantes descobriram no local uma lagoa onde podiam retirar ouro. Daí, a origem do nome da cidade.
Apesar de ter a formação ligada ao ciclo da mineração, o que fez a fama da cidade foi o seu famoso e delicioso rocambole, fabricado por algumas famílias que atualmente disputam a fama de produzir ou não a receita mais antiga.
Passando por lá, parei para saborear essa iguaria e, aproveitei para fotografar e mostrar um pouquinho desse lugar aqui no blog.

Interior da confeitaria "O Legítimo Rocambole."

Painel no interior da confeitaria divulgando a história do rocambole fabricado no estabelecimento. Clique na foto para ler.

O azul da igreja de N. S. do Rosário, a menos de um quarteirão da "rua dos rocamboles".

terça-feira, 3 de julho de 2012

A partida

Partida da estação de São João Del Rey-MG.



O maior trem do mundo quando parte,
vai levando da gente corações apertados.
Na curva apita, solta fumaça e segue ... 
levando da gente corações apertados.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Jatobá-do-cerrado

Foto de frutos do jatobazeiro existente de frente à capela de Santana no Arraial Velho, Sabará.

O jatobá é uma fruta típica do cerrado, portanto, de Minas Gerais, embora seja encontrada em quase todo o Brasil. 
O jatobazeiro é uma árvore de médio porte da família das leguminosas. O fruto de sabor e aparência mística é produzido de julho a dezembro. Para os indígenas o jatobá é uma fruta com poderes de equilíbrio mental e algumas tribos fazem o uso da fruta antes de realizar suas meditações.
O fruto tem uma casaca muito dura, de cor escura e por dentro possui sementes envoltas numa polpa que se apresenta em forma de farinha com coloração amarelo claro.

 fonte:   nutricaoemfoco