quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

RPPN - Santuário do Caraça - Parte I

Ao fundo a Serra do Caraça, que pelo traçado lembrar um rosto humano, deu nome ao lugar.


A RPPNSC (Reserva Particular do Patrimônio Natural da Serra do Caraça)  tornou-se uma área de preservação federal em 1994 com o apoio da congregação religiosa "Província Brasileira da Congregação da Missão" proprietária e mantenedora das terras, nas quais reservou em torno de 90% dos 12 403 hectares para preservação ambiental, onde é  permitido apenas pesquisas cientificas e visitações turísticas sob regirosa legislação e fiscalização no local.

A reserva é parte do complexo da Serra do Espinhaço, contém fragmentos de Mata Atlântica e é um dos divisores de água da bacia do Rio Doce. 


Trilha em direção da mata de galeria onde se encontra a cascatinha e um mirante.
Em 1770, o Irmão Lourenço de Nossa Senhora, reza a lenda que tenha sido um nobre português, Carlos Mendonça Távora, chegou ao local e ergueu uma capela de madeira e posteriormente uma ermida barroca em homenagem a Nossa Senhora Mãe dos Homens.

Com o tempo uma majestosa igreja em estilo neogotico foi erguida por seus sucessores e o local se tornou um centro de peregrinações, retiros e  no século XIX passou a abrigar também um colégio interno para meninos, tendo ali funcionado até 1968 quando foi incendiado. 


Ruína do prédio do colégio incendiado em 1968, reformada e trasformada em museu.

Ao terreno original, adquirido pelo Irmão Lourenço mediante pagamento por uma carta de sesmaria, foram incorporados por compra  a fazenda da Chácara em 1823 e a fazenda do engenho em 1858, além da fazenda Capivari doada em 1870 por  Manoel Pedro Cotta.

A vegetação da RPPNSC é constituída basicamente de campos de cerrado e Mata Atlântica. Estudiosos como Saint-Hillarie e Von Martius, descreveram muito do que puderam observar na região quando estavam em expedição científica no Brasil nas décadas iniciais do seculo XIX. Estudos mais recentes nos legaram uma boa quantidade de informações sobre as formações vegetais compreendem em torno de mil espécies, estando oitenta delas caindo em extinção.


Campos de cerrado

Os recursos hídricos na reserva são abundantes, constando maior 
peso na dispersão das águas para o ribeirão do Caraça e o corrego Capivari, seguidos pelos córregos da cascatinha e da cascata que mantém as duas cachoeiras de destaque para o lazer dos turistas: a cascatinha e a cascatona!


Cascatinha


Corrégo da Cascatinha

Sobre a fauna podemos destacar a presença do lobo guará, que virou  uma atração noturna para os visitantes que ali se hospedam. Em determinada hora e local, o lobo, que não é mal ... vem buscar sua refeição cuidadosamente oferecida por um dos padres que ali residem. 

créditos

Além do peludo, há uma enorme variedade de aves e outros animais típicos do cerrado mineiro, como tamanduá, tatu ... e dentre outros, algumas serpentes que são objeto de recomendação para uma atenção redobrada aos que adentram nas trilhas e matas.

O clima é de montanha, com períodos de temperatura amena durante o dia e frio a noite. Como o lugar possui muitos aclives e declives, é recomendado ao visitante que queira se aventurar nas trilhas, um bom preparo físico!

E para finalizar, o santuário religioso e natural do Caraça faz parte do circuito mineiro da Estrada Real. 

Marco da Estrada Real
Espero que tenham gostado. Na próxima postagem vou falar sobre o patrimônio arquitetônico e cultural existente na Serra do Caraça. Aguardem!!!

sábado, 21 de janeiro de 2017

Museus, respeito ao patrimônio e acesso à história

casa de Chica da Silva
Foto tirada de uma das sacadas da casa que pertenceu a Chica da Silva (escrava que se tornou amante do contratador de diamantes a serviço da coroa portuguesa, João Fernandes de Oliveira, com quem teve treze filhos) e que hoje abriga um museu e espaço cultural. Em destaque a Serra dos Cristais e  a igreja de Nossa Senhora do Carmo. Note bem que, a torre dessa igreja foi colocada na parte de traseira, em contradição com as regras convencionais que determinam a introdução das torres na parte frontal. Segundo a lenda, foi um pedido de Chica, para que o barulho dos sinos não atrapalhassem o seu sono ...  

A imagem acima, postada nas redes sociais, com certeza despertara muitas curtidas e frases exclamativas por sua beleza. Mostra um belo casario colonial, uma igreja barroca e um espaço natural em forma de serra coberta por vegetação de cerrado. Para quem não identificou à primeira vista, trata-se de um fragmento da área urbana da cidade de Diamantina, na entrada para o Vale do Jequitinhonha, já a caminho para o norte de Minas .

No passado, a cidade que fora batizada pelos colonizadores portugueses com o nome de arraial do Tejuco, abrigou as mais valiosas minas de diamante das quais se tem notícia na história do Brasil. Algumas deram origem aos arraias e distritos do município que até hoje são visitados por aventureiros na cata da pedra reluzente. No livro Minha Vida de Menina, a autora relata sobre o hábito dos moradores  no final século XIX saírem  pelas ruas da cidade após uma forte chuva, na esperança de achar algum diamante trago pela enxurrada.

Cidades antigas como Diamantina são espaços da memória, museus a céu aberto e é visitando museus que se aprende sobre a história e a cultura. Entendo que toda cidade possui a sua história e mantém suas próprias bases culturais, dentro de um contexto maior que é o nacional. Porém, tenho sempre insistido aqui no blog em divulgar o que está à beira da extinção em Minas Gerais, que é o cenário construído nos séculos XVIII e XIX.

Segundo Cristina Ministerio* " (...) ainda tratamos mal a memória cultural do nosso país e os motivos tem suas raízes também na nossa cultura. Raras são as famílias que ensinam suas crianças a respeitara as coisas públicas; raras são as escolas que oferecem a seus alunos uma eficiente educação patrimonial. e as novas gerações seguem cometendo equívocos como: o que é público não é de ninguém, por isso não precisa ser cuidado, ou o que é antigo não serve para mais nada, por isso não precisa ser conservado."

Entender o patrimônio como um bem de interesse público e despertar  uma consciência clara do significado da  identidade cultural e da memória é uma obrigação de todos como cidadãos. Uma boa medida é o incentivo à visitação de museus, espaços públicos nas cidades, galerias de arte, participação em atividades artísticas e festejos tradicionais, dentre outras atividades.

E você, como percebe a necessidade ou não dessa interação? Você é do tipo que sente cheiro de mofo até quando se lembra dos seus professores de  História? Quero muito de saber a sua opinião.

* Editorial da revista AMAE educando, maio de 2009.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Furquim


cidades históricas de Minas Gerais


Furquim no século XVII foi um arraial de mineração do ouro nos arredores da Vila do Carmo, hoje cidade de Mariana, município do qual faz parte como distrito. Fica na região central de Minas Gerais, especificamente na área denominada de quadrilátero ferrífero ou zona metalúrgica.O nome do lugar é uma homenagem ao bandeirante paulista  Antônio Furquim da Luz, o descobridor das minas da região em 1704 e fundador do arraial do qual foi expulso pela rebeldia de forasteiros portugueses, ataques de índios, surto de doenças e fome.


É um vilarejo típico do interior. Não possui bons hotéis, restaurantes e outros confortos que o visitante mais exigente possa necessitar. O interessante de se conhecer no lugar é mesmo o estado quase pitoresco e pacato da vida que ali se pode levar.


conheça Minas Gerais


Para quem quiser fazer uma visita rápida de carro, a partir da cidade de Mariana são em torno de 28 km e partindo da capital mineira, Belo Horizonte, algo em torno de 150 km. Transporte público com horários marcados e reduzidos se consegue a partir de Mariana, mas não dá para garantir um bate e volta. Se necessitar de pouso somente encontrará duas pousadas muito simples. Normalmente nesses lugares os moradores abrem suas casas para a gente de fora que lhes parecer de confiança.

Na área central conservam-se ainda as características tipicas das povoações do século XVIII, com uma rua principal estreita e comprida, calçadas de  alvenaria em pedra  e casarões coloniais. O que se mistura à modernidade de ruas asfaltadas, tirando nesse caso, o ar bucólico e empoeirado.


Distrito de Mariana


Sobressai no conjunto a igreja matriz, de devoção ao Bom Jesus do Monte, erguida entre 1745 e início do século XIX. E uma capela dedicada a nossa Senhora do Carmo, também do século XVIII, sem a construção original completa devido a  um incêndio em  1999.


Matriz do Bom Jesus


Outros pontos interessantes do lugar são o prédio da antiga estação ferroviária datado de 1926, que funciona como centro  cultural.


Estação ferroviária


A usina hidrelétrica construída para gerar energia para a Alcan -Alumínio do Brasil,   casarões coloniais, os passos da via sacra e o cruzeiro patriarcal.



As atrações naturais são as águas dos ribeirões do Carmo e Gualaxo com suas cachoeiras. 



Há festas  tradicionais  realizadas como em todo vilarejo de origem católica aqui em Minas. 

O comércio de especiarias do local tem por base o artesanato de pedra-sabão, madeira e couro, doces em compota e cachaça.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Olaria


Quando  criança, lembro-me bem de uma olaria  em ruínas que existia de frente à casa de minha avó, no interior, numa rua empoeirada e com mais mato do que casas ao redor. Eu e meus primos brincávamos lá naquele prédio quase abandonado.

Olaria é o local onde se fabricam tijolos, telhas e manilhas de barro. Eram muito promissoras quando os tijolos de concreto ainda não existiam. Hoje, os pequenos tijolos de barro como esses da foto, são uma raridade...

Essa, eu fotografei numa estrada rural no município de Esmeraldas/MG. Fiz questão de parar  e registrar, pela sua raridade e o estilo rústico da construção!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Sou grata por tantas coisas que ...





Nesse inicio de ano me reporto para as curvas que venci na estrada da vida. Algumas tão acentuadas que muitas vezes pensei que iria parar num precipício. Contudo sobrevivi e guardo para sempre todos os aprendizados que consegui extrair. Sou grata pela força e coragem que recebi de Deus para  me manter firme.

Uma coisa que me deixou muito feliz nas últimas semanas foi ter voltado a blogar, mesmo que ainda devagar. Gosto de interagir pela blogosfera e divulgar as coisinhas daqui de Minas Gerais. Para quem não me conhece, sou uma aprendiz de blogueira que gosta de falar das coisas da terra onde sempre viveu.

Enfim, esse post meio atrasado, vem celebrar a minha participação nesse projeto maravilhoso proposto pela Elaine .


domingo, 8 de janeiro de 2017

Estrada Real

 Estrada Real - trecho Diamantina- pavimentação com pedras feito por escravos.

 Estrada Real - trecho Diamantina - nos trechos acidentados para evitar deslizamentos e facilitar o escoamento da água de chuva, contruiam  escadas reforçadas com pedras.

Os caminhos do ouro, atual  Estrada Real, foram abertos nos séculos XVII-XVIII para facilitar a circulação das riquezas minerais e mercadorias que transitavam entre Minas Gerais  e o litoral do Rio de Janeiro, de onde partiam para Portugal os navios carregados de ouro e por onde entravam todos os bens materiais importados pelos ricos mineradores. 

A grande movimentação na estrada fez nascer ao longo do seu percurso inúmeras vilas, povoados e cidades. Atualmente  162 municípios  em Minas Gerais, 8 no Rio de Janeiro e 7 em São Paulo que compoem o trajeto turístico que nasceu da união de três caminhos surgidos em momentos diferentes.

O Caminho Velho foi aberto pelos  bandeirantes que em busca de riquezas em Minas Gerais, partiam de São Paulo até atingir a Serra da Mantiqueira, hoje  é o trecho mais antigo e liga Paraty a Ouro Preto. 

O Caminho Novo, do Rio de Janeiro a Ouro Preto, foi construído a pedido da Coroa por volta de 1700, não só para encurtar a distância entre Minas e o litoral do Rio, mas principalmente para facilitar a fiscalização do trânsito de riquezas . 

A Rota dos Diamantes, de Ouro Preto a Diamantina, foi construída no século XVIII para atender às necessidades da Coroa de se ter um caminho que possibilitasse um rápido escoamento dos diamantes até a metrópole. É o trecho que mais conserva o aspecto original e as tradições do interior de Minas, já que o progresso pouco andou por lá nas últimas décadas.