São muitos os mistérios que despertam a curiosidade humana quando se vê frente a frente com um pelourinho. Alguns, já sabendo de sua antiga serventia, desprezam-no. Outros passam um bom tempo admirando e tentando decifrá-lo... O certo é que eles são raros aqui em Minas Gerais e quando se tem a chance passar por um, o impulso é de fotografar ... o monumento ou a pessoa(as) e o monumento. É do tipo de relíquia que ninguém quer perder um flash ou um click!!!
Um pelourinho não nos trás boas recordações, pois é um dos maiores simbolos da opressão sob os seres humanos durante centenas de anos. Ao contrário do que muitos brasileiros pensam, os pelourinhos não serviam apenas para castigar publicamente os escravos. Servia também para punir criminosos (evidentemente pobres) e praticantes de heresias graves. Era comum em Portugal e por isso aqui foi introduzido pelos colonizadores.
Sendo o simbolo do poder de Portugal nas vilas mineiras do século XVIII, sua localização era o centro da praça principal da vila, junto à Câmara Municipal, Cadeia e quando possível alguma igreja. Dada a sua importância naquele tempo, nos transcende para o imaginário das mentes injustiçadas e indefesas que foram certamente martirizadas no seu entorno. E de alguma pouca, mas correta justiça que nele tenha sido aplicada. Das longas horas de agonia dos castigados e dos espectadores que nada podiam fazer para atenuar as cenas de horrores expostas naquele espaço. Imagino que muitas atitudes de rebeldia também, contra a opressão portuguesa, foram praticadas em meio aos rituais que reuniam a população diante do pelourinho. Mais tristeza do que alegria, e no meio de tudo arrisco em apontar até algumas cenas de amores, mesmo que em despedida...
O pelourinho de Mariana, foi reconstruído em 1970, no mesmo local onde em 1750 foi erguido o original, por José Moreira Matos, no auge da exploração do ouro. Esse retirado em 1871, quando foram abolidos os castigos físicos de escravos em praça pública.
Não é 100% original, mas bem próximo ao do século XVIII. Tem ao alto um globo que simboliza as conquistas portuguesas através das grandes navegações ( poder e domínio), no braço esquerdo a balança representa a Justiça e no direito a espada representa a condenação, ao centro o brasão português.
E no nosso entendimento, o quanto custou essa representação à população a ele submetida!